Ao longo da Idade Média, os poderes, tais como como os reis e os príncipes, privilegiaram as cidades como centros de organização e enquadramento do espaço a nível político, socioeconómico, religioso e cultural. As urbes eram o local de residência e, com frequência, de passagem de indivíduos com diferentes estatutos sociais, níveis de riqueza e conhecimento e, por vezes, credos religiosos. As comunidades citadinas assumiram protagonismo em diferentes áreas, desde a política à economia, e no fomento, circulação e difusão de ideias e práticas religiosas e culturais.
O estudo das sociedades urbanas medievais continua a ser importante e necessário para compreender a sua composição, desigualdades e complexidade, assim como o seu papel na construção e vivência do espaço urbano. De igual modo, permite observar as diferentes fases da vida (infância, juventude, maturidade e velhice) dos seus habitantes, as suas emoções e as relações que estabeleciam entre si e com o exterior e, por conseguinte, a gestão e resolução de conflitos. Estes elementos alimentaram representações da sociedade urbana, tanto em discursos e práticas, como em testemunhos materiais, que importa continuar a conhecer e aprofundar.
Assim, o Instituto de Estudos Medievais da NOVA-FCSH e a Câmara Municipal de Castelo de Vide organizam nos próximos dias 3-5 de outubro de 2024 as IX Jornadas Internacionais de Idade Média, este ano subordinadas ao tema As sociedades urbanas na Europa medieval. Tendo como espaço de observação a Europa cristã, islâmica e judaica, convidam-se os investigadores de qualquer área científica (História, Arqueologia, História da Arte, Literatura, entre outras), que se interessem pelo tema no período medieval a apresentarem propostas de sessões e/ou de comunicação no âmbito dos seguintes painéis temáticos:
- Estatutos jurídicos dos habitantes da cidade: normativa e prática
- Espaços de convivência social
- As intervenções dos poderes na vivência social: estratégias e tensões.
- Sociedade e exercício do poder: rituais e práticas
- Movimentos migratórios no seio da cidade: emigração e imigração
- Mobilidades sociais: processos e práticas
- Elementos de expressão da diferenciação social e económica
- Conflitos sociais e a paz urbana
- A devoção urbana: rituais, práticas e materialidades
- A expressão das emoções na cidade
- A criança na cidade: práticas e representações
- Os jovens na cidade: práticas e representações
- Os velhos na cidade: práticas e representações
- A família na cidade: práticas e representações
- A sociedade de corte na cidade: presença, acolhimento e tensões
- Os privilegiados na cidade: nobres, clérigos e monges
- Oficialato, letrados e homens da escrita na cidade: hierarquias e participação política
- Os mercadores na cidade: organização, hierarquias e participação política
- Os artesãos na cidade: organização, hierarquias e participação política
- As mulheres na cidade
- Os marginais: pobres, loucos, prostitutas, leprosos e doentes
- As minorias étnicas: coexistências, tensões, representações e materialidade
- Os estrangeiros na cidade: acolhimento, organização e tensões
- Os visitantes e passantes: acolhimento e tensões
- As sociedades urbanas perante as ameaças: guerra, fome e doença
- A sociedade de Castelo de Vide Medieval
A estrutura do encontro contará com 4 conferências plenárias realizadas por especialistas convidados pela organização e com sessões temáticas. Cada uma dessas sessões será constituída por três comunicações e terá a duração de 60 minutos. Os investigadores interessados poderão propor assim sessões e/ou comunicações individuais.
As Jornadas contam também como um programa sociocultural que inclui um jantar e visitas guiadas a locais a determinar, decorrendo uma delas após o programa científico. Durante o encontro será ainda feita a apresentação pública do livro que reúne uma seleção dos textos expostos nas VIII Jornadas Internacionais de Idade Média de Castelo de Vide e na Escola de Outono, realizadas em outubro de 2023.
As línguas do encontro são o português, o espanhol, o francês e o inglês.